quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Breve cronologia da BD 1983-...


 

Fascículo nº40 (05-05-1983)
 1982Inicia-se a última e maior edição de BD em fascículos, após a colecção “Tintin” – a “Jornal da BD”, propriedade da Sojornal, dona do jornal “Expresso”. São editados 264 números, divididos em 33 volumes, tendo saído o último em 1987. Tinha um grande contra – a qualidade do papel “tipo jornal”.
 Antes e durante a publicação da “Jornal da BD”, existiram outras edições em fascículos – a mais numerosa, não ultrapassará os 90 fascículos… A revista “Spirou” dividida em duas séries com uma diferença de oito anos (1ª série de 1971 a 1972 e a 2ªsérie de 1979) e as duas “Flecha 2000”. Uma a cores, de 1978 e outra com BD a preto e branco que era um suplemento semanal do “Diário Popular”, de 1985 a 1986.

Fascículo nº3 (Janeiro-1985) da colecção "Flecha 2000"

 Todas estas edições continham, essencialmente, BD franco-belga.


1983Inicia-se no fascículo nº33 da “Jornal da BD” a publicação do “Os Lusíadas”, adaptação para BD (com texto integral da obra de Camões) do desenhador português José Ruy. Posteriormente editada em três álbuns, é um best-seller da BD Histórica portuguesa.
 Na década de 80, em Portugal, surgem duas grandes editoras, uma publicando grandes heróis do passado da BD e de alguns autores portugueses – a Futura. A Meribérica, renovando (incluindo novas traduções) colecções de “grandes” da BD franco-belga e editando outras mais recentes (de notar que a maioria das novas séries da colecção “Jornal da BD” foram reeditadas em álbuns, por esta editora) tendo também exportado para o Brasil. Ambas já não existem, mas deixaram um grande legado de edições, ainda disponíveis no mercado!
  Nos anos 90, a BD destinada ao público adulto torna-se mais visível e diversificada com as suas histórias mais elaboradas surgido, em Portugal, muita BD considerada como “alternativa”.
A “BD alternativa”, pode-se ser considerada como uma “BD elitista” da qual muitos autores se consideram quase anticomercial, com uma arte fora da comum (que por vezes, induzindo em erro, pode ser vista como uma menor aptidão do autor para o desenho…) sendo destinada a um restrito grupo de eleitores. Hugo Pratt com o seu “Corto Maltese” encaixa neste estilo (foi mesmo acusado de ser demasiado alternativo) com a sua arte muito pessoal, mas, com uma história que a contrabalançou para o seu êxito comercial.
Continuando com os anos 90 até ao séc. XXI, mundialmente, a BD continua a ter grandes destaques, directa ou indirectamente (cinema) donde vou mencionar, entre muitas, estas duas edições:
- “Maus” de Art Spiegelman (EUA) em que o uso de animais antropomórficos não quer dizer que seja um história infantil. Pelo contrário, é sobre o horror do Holocausto em que o autor conta a luta de sobrevivência de seu pai, um judeu polaco. Em 1992, esta obra recebe um “Prémio Pulitzer” que premeia os trabalhos que se distinguiram na área do jornalismo, literatura e música.









Capa da edição portuguesa de "MAUS - A História de um sobrevivente" e página nº37, editado pela Difel, 1996.


- “A Liga de Cavalheiros Extraordinários I e II” de Alan Moore e Kevin O’Neill (Grã-Bretanha). É uma história ambientada no fim da era Victoriana, finais do séc.XIX em que o argumentista Alan Moore faz referências (personagens) a clássicos da literatura fantástica.
Nestas duas séries, em Portugal, divididas em quatro volumes, Alan Moore também dá a conhecer os seus dotes literários em duas histórias com algumas ilustrações de K. O’Neil.
A obra (argumento) por qual Moore é reconhecido, foi recentemente adaptado para o cinema: “Watchmen”.

 Na entrada para o séc. XXI, a BD nipónica invade a Europa seguindo o êxito dos desenhos animados japoneses (Anime) que a precederam. Desde logo cativa as adolescentes com as histórias (Shoujo) para o público feminino e influência na arte ou nas histórias, a BD europeia em que alguns desenhadores adoptam uma mistura “franco-belga-disney-mangá”.
Até o herói “Astérix” foi “tocado” por esta invasão através da última história de Uderzo (que vejo como “satírica” enquanto outros a vêem como uma homenagem à Disney e ao Mangá(?)) que apesar do êxito comercial, graças aos muitos admiradores do “Astérix e companhia” e ao muito marketing, é a pior de todas as histórias da colecção e prova final de que muito do êxito das aventuras deste pequeno herói se deve ao René Goscinny.


Sem comentários: