1947 – Osamu Tezuka (Japão) estreia “Shintakarajima” que é uma mistura de “Tarzan” com “Robinson Crusoé” sendo a precursora da “Mangá” actual, muito expressiva com recurso a olhos grandes das personagens e a caricaturas para traduzir sentimentos. É considerado como o criador das bases da “Mangá” conquistando todas as faixas etárias no Japão, tornando esse país como o maior produtor e consumidor de BD no Mundo.
Na BD franco-belga, aparece o cowboy que “dispara mais rápido que a sua própria sombra” – o “Lucky Luke” de Morris (Bélgica).
Uma das características de Lucky Luke, é que mantinha sempre uma ponta de cigarro na sua boca que, com a entrada das suas aventuras no mercado norte-americano, foi “obrigado” a trocar por uma, mais saudável e ecológica, palhinha. Também surgem as aventuras de um coronel da US AirForce, no Pacífico – o “Buck Danny”, criado por Jean-Michel Carlier e Victor Hubinon (Bélgica).
1948 – Mais BD da escola franco-belga – “Alix, o Intrépido” de Jacques Martin (Bélgica). É uma série fundamentada por muita documentação de História que o autor foi arquivando, estando as aventuras de Alix situadas na Antiguidade Romana.
À primeira vista, parece uma BD de tema “Histórico”, mas não é... - apesar dos costumes, eventos e paisagens corresponderem à realidade Histórica, eles também estão desfasados na sua cronologia...
Quadradinho da página 28 do álbum "Herkios, o jovem grego", editado pela ASA/Público em Junho de 2010 .
Quadradinho da página 28 do álbum "Herkios, o jovem grego", editado pela ASA/Público em Junho de 2010 .
1949 – Sai o 1º número de uma das revistas de BD mais reconhecidas em Portugal – a “Mundo de Aventuras”. Pertença de um grande “império editorial” de Portugal, a “Agência Portuguesa de Revistas” (APR), era constituída pelas melhores séries americanas (Rip Kirby, Johnny Hazard, Flash Gordon, Príncipe Valente, Fantasma, Roy Rogers…) publicadas nos EUA e em muitos jornais do mundo inteiro. Curiosamente, neste nº1, também é publicado um original português, “A História Maravilhosa de João dos Mares”, de Augusto Barbosa que é um pseudónimo de… Carlos Alberto Santos, um dos melhores ilustradores portugueses de capas e de colecções de cromos de grande beleza.
A colecção de cromos “História de Portugal” é o seu maior reconhecimento público e um dos grandes êxitos da Agência Portuguesa de Revistas – 17 edições entre 1953 e 1971!
Capa da caderneta de cromos da 15ª edição de "História de Portugal", Julho de 1969 e página nº20 com quatro cromos.
A “Mundo de Aventuras” que logo no primeiro ano esteve em risco de desaparecer, passou por vários formatos ao longo da sua vida de 1841 números publicados – um recorde nunca alcançado por uma publicação do mesmo género. O formato (280X400) dos primeiros números não foi do agrado do público, obrigando a uma reformatação drástica e urgente. O novo formato (215X290) revelou-se um êxito entre os jovens, cabendo nas capas escolares e permitindo lê-las às escondidas dos professores e pais… No ano do seu desaparecimento, 1987, o seu formato era mais reduzido – 165X235.
1950 – “Peanuts” de Charles Schulz é uma das séries norte-americanas, mais difundidas no Mundo, em que o adulto está excluído nas histórias de “Charlie Brown” e companhia, mais o seu famoso cão filósofo: “Snoopy”.
Tira (1954) da página 303 da edição portuguesa "PEANUTS - Obra completa 1953-1954", editada pela Afrontamento em Novembro de 2005.
1952 – Em Portugal, surge a revista “Cavaleiro Andante” em “substituição” da revista “Diabrete”, continuando Adolfo Müller como director. Muitas das histórias eram da BD franco-belga , sem esquecer as de autores portugueses (Fernando Bento, José Garcês, E.T.Coelho, Artur Correia, José Ruy, Vítor Peon, Stuart…).
O “Cavaleiro Andante” teve diversos suplementos que acabaram por formar outras tantas colecções: “O Pajem”; “Andorinha”; “Desportos” (nada de BD e dedicada só aos desportos); “Bip-Bip”, patrocinada pela BP, aonde surge histórias aos quadradinhos de Jean Graton com o seu “Michel Vaillant” (na altura em que os nomes dos heróis eram “traduzidos” para português, chamou-se “Miguel Gusmão” (!) ou “Miguel Vaillant”…).
Outras publicações ligadas à “Cavaleiro Andante”*: os “Número Especial” e “Numero Especial Natal” com aventuras completas; “Álbum do Cavaleiro Andante” com 107 números publicados com destaque para o belga Willy Vandersteen e o italiano Franco Caprioli; “Obras-Primas Ilustradas” que eram adaptações de grandes romances, tendo continuado a sua publicação até 1964, já a revista “mãe” tinha desaparecido; “Oásis”; “João Ratão” para os mais pequenos com contos, adivinhas…; “Alvo”; “Foguetão” que é uma das maiores revistas portuguesas de BD (300X420 (!)) e a única que editou uma história aos quadradinhos na sua língua original com tradução em rodapé – “Tintin au Tibet” de Hergé.
A “Cavaleiro Andante” cessa a sua publicação em 1962 com 556 números publicados semanalmente.
* http://quadradinhos.blogspot.com/2010/10/numeros-especiais-do-cavaleiro-andante.html
* http://quadradinhos.blogspot.com/2010/10/numeros-especiais-do-cavaleiro-andante.html
1954 – Na BD franco-belga, surge um “cowboy” com o seu companheiro de aventuras, o mexicano Pancho – o “Jerry Spring” de Joseph Gillain (Bélgica), mais reconhecido por“Jijé”. É considerada como a “entrada” para o realismo na BD franco-belga.
1958 – Mais franco-belga com os “Schtroumpfs” de Peyo (Bégica), os pequenos duendes azuis que a partir de 1976, atingiram o seu apogeu de reconhecimento, mundial, através dos desenhos animados.
1959 – Um dos grandes da escola franco-belga – “Astérix” de René Goscinny e Albert Uderzo (França). Sem dúvidas, “Astérix e Obélix” são os heróis mais populares da BD franco-belga e porque não, no mundo, estando traduzidos em mais de 100 Línguas e dialectos, aonde está incluindo o nosso “Mirandês”!
1962 – Em França surge uma bela aventureira futurista que será precursora de outras heroínas com personalidade forte, agressiva, mas, sofisticada, numa BD erotizada – a “Barbarella” de Jean-Claude Forest. Esta personagem tem muitas semelhanças físicas com a actriz francesa Brigitte Bardot, considerada como o grande “símbolo sexual” dos anos 60 e 70, pelo que não será de admirar que a inspiração de Forest tenha vindo da BB.
“Barbarella” com e sem censura
1963 – Na Europa, surge uma das grandes referências no mundo da BD do “Western” – “Blueberry” de Jean Giraud. Esta obra está dividida em três séries – “Bluberry”, “A Juventude de Blueberry” e “Marshal Blueberry”. Giraud com o argumentista Jean-Michel Charlier (menos os cinco volumes que Giraud assumiu o argumento), desenhou toda a primeira e os três primeiros volumes da segunda, totalizando 40 álbuns. Giraud ainda participou em mais três histórias como argumentista, na terceira série desenhadas por William Vance e por Michel Rouge. Os restantes álbuns, da “Juventude de Blueberry”, foram desenhados pelos desenhadores Colin Wilson e Michel Blanc-Dumont.
1965 – Nos EUA, Russ Manning inicia a sua adaptação para “comics books”, de alguns dos primeiros romances de “Tarzan”. Considerado como um dos quatro fabulosos desenhadores de Tarzan (Harold Foster, Burne Hogarth e Joe Kubert) é reconhecido pelo seu traço vigoroso e limpo numa história cheia de ritmo na acção.
Primeira tira da página 7 da edição portuguesa, "TARZAN - Volume I: pranchas dominicais de Russ Manning 1968-1970", editada pela "Bonecos Rebeldes" em Setembro de 2007.
De 1967 a 1979, Russ Manning desenhou essas histórias aos quadradinhos para publicação na imprensa, inicialmente como tiras semanais e depois, como pranchas dominicais. A convite pessoal de Georges Lucas, Russ Manning passa a desenhar a série “Star Wars”, baseada do filme, até 1980, quando suspende a sua actividade por doença.
Em Portugal, Russ Manning foi responsável, com o “seu” Tarzan, pelo maior êxito de uma das edições da “APR” – a revista “Tarzan” com 96 números publicados entre 1969 e 1978.
Revista nº6 (suplemento ao nº1041 da revista "Mundo de Aventuras) com a conclusão da história "As jóias de Opar", desenhada por Russ Manning.
1967 – Na BD europeia, surge a personagem “Corto Maltese” de Hugo Pratt (Itália), com a sua inconfundível arte a preto e branco.
Também estreiam as aventuras espácio-temporais de Valerian e a sua companheira Laurine – “Valerian” de Jean-Claude Mézières e Christin (França).
Alguns quadradinhos da página nº40 do álbum "As iras de Hypsis", editado pela Meribérica/Liber em 1986.
1968 – Em Portugal, sai o primeiro número da revista “Tintin”, que foi a que mais divulgou a escola franco-belga, entre os leitores portugueses, os seus inúmeros personagens e autores. Será a última revista portuguesa a ter uma longa duração quando se começa a entrar numa era, anos 70, em que as pequenas revistas com histórias completas e dos mais diversos temas, proliferam em desprimor das anteriores, de maior formato e histórias continuadas. A última revista “Tintin” – dividida por anos (15) e subdividida por volumes semestrais – sai em 1982, totalizando 801 exemplares.
1971 – Surge a revista “Jornal do Cuto”, talvez, numa tentativa de fazer renascer o passado das revistas portuguesas de BD, incluindo um suplemento para meninas – “A Formiga”. O próprio nome da revista, recorrendo à personagem “Cuto” de Jesus Blasco, convida à nostalgia da melhor era das revistas de BD e das histórias aos quadradinhos de autores portugueses – os anos 40 e 50. Em 1978, sai o último número (174).
1972 – Nos EUA, surge “Fritz the Cat” de Robert Crumb que é uma sátira do mundo dos esquerdistas e dos marginais, visto do próprio interior, sendo um dos principais representantes da contracultura.
1975 – EM França, surge a revista “Métal Hurlant” e ao mesmo tempo, a editora “Humanóides Associes”, criadas por Jean Giraud e mais três colaboradores, aonde se irá privilegiar as histórias de fantasia e ficção científica. Giraud que assina como “Moebius” e que antes deste, usou o pseudónimo “Gir”, além de publicar algumas histórias suas, abre a revista à colaboração do outro lado do atlântico, publicando trabalhos de autores americanos. Esta colaboração dá origem em 1977, à sua versão norte-americana – A “Heavy Metal”.
1977 – Morre um dos mais apreciados argumentistas de BD, pela sua criatividade e humor – René Goscinny (França). Entre os seus inúmeros trabalhos, estão grandes nomes da BD franco-belga como “Astérix”, “Lucky Luke”, “Iznogoud”, “Modeste et Pompom” e outros que resultando em milhões de tiragens, o tornaram como o autor francês mais traduzido em todo o mundo. Em sua memória, foi instituído o “Prêmio Renè Goscinny” que todos os anos, no Festival de Angoulême (Bélgica), recompensa jovens argumentistas de BD.
http://www.bdportugal.info/Comics/Col/Disney/Mickey1/index.html |
Assim como oscilou em várias editoras (Morumbi, Abril Morumbi, Abril, Abril Jovem, Abril/Controljornal e Edimpresa), também teve muitas oscilações nas vendas e a entrada no novo séc. XXI não foi favorável, apesar das tentativas para cativar, além dos mais novos, também os adolescentes e coleccionadores. Última revista de BD da Disney, em Portugal, sai em Dezembro de 2008 – a “W.I.T.C.H.”, revista juvenil/adolescente para raparigas.
Capa da revista W.i.t.c.h nº62, edição de Portugal, Dezembro de 2008 |
1981 – Em França, é publicado a série “Incal” (L'Incal Noir) de Moebius com argumento de Jodorowsky – uma referência da BD franco-belga dos anos 80 que mistura ficção científica, relacionada com cultos, com uma história policial. Baseando neste estilo de história, Jodorowsky produziu argumentos para outras séries de sucesso – “A Casta dos Metabarões” de Juan Gimenez e “Les Technoperes” de Zoran Janjetov. O filme “O quinto Elemento” é muito influenciado por este estilo, aonde colaboraram dois famosos autores de BD – Moebius e Jean-Claude Mézières.
Capa da edição portuguesa, editada pela Meribérica/Liber em Junho de 1999. |
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