sábado, 25 de dezembro de 2010

Primeiras leituras de BD

Como muitos da minha geração, o primeiro contacto com as histórias aos quadradinhos foi através das histórias da Disney. As revistas da Disney, todas de edição brasileira, ocuparam um espaço quase vazio de publicações (BD) portuguesas destinadas a um público infantil - nos anos 70 (Séc.XX), apesar de inúmeros títulos, as histórias publicadas em Portugal destinavam-se aos adolescentes. Com a vantagem de ter um irmão mais velho e seus amigos que também "devoravam" BD, além da Disney, tive acesso a outras edições com as personagens da Hanna-Barbera (Flintstones, Zé Colmeia, Manda-Chuva, Dom Pixote...), da Warner Bros. (Pernalonga, Patolino, Piu-Piu...) e Riquinho, Luluzinha... - estas revistas eram todas de editoras brasileiras como a Abril, O Cruzeiro, a RGE e a Ebal que exportava as suas revistas para Portugal, através da livraria Bertrand.

Algumas capas "mais recentes" destes "bonecos".
 Os Flintstones , nº36 de Março de 1983 com histórias dos Flinstones, dos Meninos das Cavernas, Capitão Caverna, Fred e Bárnei, Dom Pixote e do Uóli, o jacaré.
 Revista do Zé Colmeia, nº19 de Janeiro de 1983 com aventuras deste simpático urso. Contém outras histórias com os ratos Plic e Ploc e o gato Chuvisco, os cães Bibo Pai e Bóbi Filho e o grupo do Arquivo Cãofidencial.
Estas revistas com personagens da Hanna-Barbera foram editadas pela Abril, Brasil.


    
Capa da revista "As melhores histórias de Luluzinha & sua turma" da Abril (1994) com sete histórias da Luluzinha e seus amigos Aninha, Bola e o travesso Alvinho.
Riquinho é uma revista da editora brasileira RGE. Neste nº148 de Agosto de 1979, Riquinho entra em seis histórias.


  

Duas edições da editora brasileira EBAL.
 Revista Patolino nº2 de Abril/Maio de 1974 com 30 páginas. Edição a cores das aventuras de vários personagens da Warner Bros. :o pato louco Patolino e o careca Hortelino Trocaletra; a ave corredora Bip-Bip e o seu caçador Lobobão; o gato Frajola e o querido Piu-Piu.
Revista Mindinho nº2 (4ªsérie) de Março de 1969, a preto e branco com histórias do coelho Pernalonga e do porquinho Gaguinho



Voltando às minhas primeiras leituras, preferia acompanhar o aventureiro Mickey com o seu fiel amigo desastrado, Pateta e o forreta Tio Patinhas com as suas buscas por tesouros, conflitos com os Metralhas ou desavenças com o seu sobrinho, Pato Donald. Posteriormente, também passei a seguir as loucuras do louco Peninha e os esquemas do trafulha Zé Carioca...
Dos autores das histórias da Disney, destaco dois desenhadores e um grande argumentista que também era desenhador e criador de muitas das personagens Disney. Considero o desenhador Paul Murray como o melhor das aventuras do Mickey e gosto de apreciar os muitos pormenores que Don Rosa aplica nos seus quadradinhos.
  











Capa de uma edição em português que eu considero como uma das melhores com as aventuras do Mickey - "Mickey de Ouro apresenta: As melhores aventuras do Mickey", nº1 de Agosto de 1979, editora Abril. Contém nove histórias desenhadas por diversos artistas em que destaco o meu preferido, Paul Murray que desenhou esta prancha - página 127, desta edição, da aventura "Elmos de Ouro" em que Mickey e seu inseparável amigo, Pateta, ajudam um explorador a encontrar um tesouro Viking, escondido por um seu antepassado.


O espectacular desenho pormenorizado de Don Rosa com as suas histórias da família Patos


 Ninguém, no argumento, bate Carl Barks com a sua imaginação, acção e humor nas suas histórias - de notar que Carl Barks É SÓ o criador da cidade de Patopólis e de alguns dos seus habitantes : o conflituoso vizinho do Pato Donald, Silva (1943); o sovina Tio Patinhas (1947); o primo sortudo do Donald, Gastão (1948); os irmãos Metralha (1951) sempre disponoveis para arrombar a Caixa-Forte do Patinhas; a organização *Escoteiros-Mirins (1951); o inventivo Professor Pardal (1952); o avarento "segundo mais rico" e rival finaceiro do Patinhas, Mac Mônei (1956); a bruxa que tenta apanhar a moeda "número um" do Patinhas, Maga Patalógica (1961); o esbanjador rico e rival de interesses do Patinhas, Patacôncio (1961).
*Em português de Portugal, Escuteiros-Mirins...
Gastão

Professor Pardal











 
Tio Patinhas

Os irmãos Metralha
Quadradinhos do Gastão, Prof. Pardal, Tio Patinhas e dos Metralhas , de  histórias da colecção "Obras-primas da BD Disney" volume 3,7 e 9 (Carl Barks 1952-1959), Edimpresa, 2004/2006.


     
 
 
 





Quadradinhos com os três sobrinhos de Donald - eles prestam boas acções nos Escuteiros-Mirins (página nº75, História "Generais de Dez Estrelas", edição "Escoteiros-Mirins" da Abril/Controljornal - 1995?). A bruxa Patalógica num quadradinho (pág.102) da história "Dinheiro acima de tudo", publicado na edição portuguesa nº169, do "Disney Especial: Sonhos e Pesadelos" da Abril/Controljornal, em 1987(?).

      







Uma de várias versões do, Silva, o vizinho rabugento do Pato Donald...ou será, o vizinho do rabugento do Pato Donald?... Quadradinho da zaragata "As Boas Acções de um Pato", pág. 251, da colecção "Obras-Primas da BD Disney, 7:Carl Barks 1958-1959", editado pela  Edimpresa, 2004/2006.
Quadradinho seguinte (pág.7) com o grande rival de negócios do Tio Patinhas - Patacôncio, na grande disputa "Enciclopédia à prova de erros", revista nº244 (Abril 2006) do "Tio Patinhas", edição portuguesa, Edimpresa.

  








Curiosa semelhança de quadradinhos, indicada para o passatempo "Descobrir as Diferenças"... Infelizmente, na minha demanda por procura de imagens para aqui colocar, perdi o rastro do segundo qaudradinho!*... Este é Mac Mônei, o "segundo mais rico", em desespero (quadradinho da pág.107) na história "Dinheiro acima de tudo", publicado na edição portuguesa nº169, do "Disney Especial: Sonhos e Pesadelos" da Abril/Controljornal, em 1987(?). Se pelo o enunciado dos balões,  a história não parece ser a mesma, o motivo já o é: apanhar a famosa "moeda nº1" do Patinhas!
Faço notar que os Mac Mônei mais recentes, tem mais "cabelo"...
* ...que já o "apanhei"! Demorou um bocado porque não estava à espera de o encontrar... na mesma história do 1º quadradinho!... Este 2º quadradinho, está na página 99.

Actualmente, a Disney ainda continua a fazer parte das minhas leituras e colecção privilegiada, principalmente, através daquela que é entendida por muitos, como a melhor edição da Disney em português: o Almanaque Disney do Brasil (1970 a 2005).
  
Capas de três períodos desta colecção:
-  revista nº.28 (Setembro de 1973) com umas medidas poucas habituais (135X210) que depois do nº104, passa ao "normalizado" 135X190.
- a capa seguinte é da nº.179 (Abril de 1986) com 47 páginas da adaptação de uma famosa novela de Júlio Verne.
- a última é já da fase final desta colecção ( nº. 366 de Fevereiro de 2005), donde se nota a "invasão" de desenhadores da "escola Disney Europeia"...
O mais interessante desta colecção é que cada revista, em 130 páginas, incluia diversos personagens  (comparando com as outras revistas) em histórias recentes e outras mais antigas.
O primeiro número foi publicado em Dezembro de 1974 e o último (nº.372) em Agosto de 2005.*

* Base de dados de todas as capas da Disney do Brasil, bastante completa:

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Breve cronologia da BD 1983-...


 

Fascículo nº40 (05-05-1983)
 1982Inicia-se a última e maior edição de BD em fascículos, após a colecção “Tintin” – a “Jornal da BD”, propriedade da Sojornal, dona do jornal “Expresso”. São editados 264 números, divididos em 33 volumes, tendo saído o último em 1987. Tinha um grande contra – a qualidade do papel “tipo jornal”.
 Antes e durante a publicação da “Jornal da BD”, existiram outras edições em fascículos – a mais numerosa, não ultrapassará os 90 fascículos… A revista “Spirou” dividida em duas séries com uma diferença de oito anos (1ª série de 1971 a 1972 e a 2ªsérie de 1979) e as duas “Flecha 2000”. Uma a cores, de 1978 e outra com BD a preto e branco que era um suplemento semanal do “Diário Popular”, de 1985 a 1986.

Fascículo nº3 (Janeiro-1985) da colecção "Flecha 2000"

 Todas estas edições continham, essencialmente, BD franco-belga.


1983Inicia-se no fascículo nº33 da “Jornal da BD” a publicação do “Os Lusíadas”, adaptação para BD (com texto integral da obra de Camões) do desenhador português José Ruy. Posteriormente editada em três álbuns, é um best-seller da BD Histórica portuguesa.
 Na década de 80, em Portugal, surgem duas grandes editoras, uma publicando grandes heróis do passado da BD e de alguns autores portugueses – a Futura. A Meribérica, renovando (incluindo novas traduções) colecções de “grandes” da BD franco-belga e editando outras mais recentes (de notar que a maioria das novas séries da colecção “Jornal da BD” foram reeditadas em álbuns, por esta editora) tendo também exportado para o Brasil. Ambas já não existem, mas deixaram um grande legado de edições, ainda disponíveis no mercado!
  Nos anos 90, a BD destinada ao público adulto torna-se mais visível e diversificada com as suas histórias mais elaboradas surgido, em Portugal, muita BD considerada como “alternativa”.
A “BD alternativa”, pode-se ser considerada como uma “BD elitista” da qual muitos autores se consideram quase anticomercial, com uma arte fora da comum (que por vezes, induzindo em erro, pode ser vista como uma menor aptidão do autor para o desenho…) sendo destinada a um restrito grupo de eleitores. Hugo Pratt com o seu “Corto Maltese” encaixa neste estilo (foi mesmo acusado de ser demasiado alternativo) com a sua arte muito pessoal, mas, com uma história que a contrabalançou para o seu êxito comercial.
Continuando com os anos 90 até ao séc. XXI, mundialmente, a BD continua a ter grandes destaques, directa ou indirectamente (cinema) donde vou mencionar, entre muitas, estas duas edições:
- “Maus” de Art Spiegelman (EUA) em que o uso de animais antropomórficos não quer dizer que seja um história infantil. Pelo contrário, é sobre o horror do Holocausto em que o autor conta a luta de sobrevivência de seu pai, um judeu polaco. Em 1992, esta obra recebe um “Prémio Pulitzer” que premeia os trabalhos que se distinguiram na área do jornalismo, literatura e música.









Capa da edição portuguesa de "MAUS - A História de um sobrevivente" e página nº37, editado pela Difel, 1996.


- “A Liga de Cavalheiros Extraordinários I e II” de Alan Moore e Kevin O’Neill (Grã-Bretanha). É uma história ambientada no fim da era Victoriana, finais do séc.XIX em que o argumentista Alan Moore faz referências (personagens) a clássicos da literatura fantástica.
Nestas duas séries, em Portugal, divididas em quatro volumes, Alan Moore também dá a conhecer os seus dotes literários em duas histórias com algumas ilustrações de K. O’Neil.
A obra (argumento) por qual Moore é reconhecido, foi recentemente adaptado para o cinema: “Watchmen”.

 Na entrada para o séc. XXI, a BD nipónica invade a Europa seguindo o êxito dos desenhos animados japoneses (Anime) que a precederam. Desde logo cativa as adolescentes com as histórias (Shoujo) para o público feminino e influência na arte ou nas histórias, a BD europeia em que alguns desenhadores adoptam uma mistura “franco-belga-disney-mangá”.
Até o herói “Astérix” foi “tocado” por esta invasão através da última história de Uderzo (que vejo como “satírica” enquanto outros a vêem como uma homenagem à Disney e ao Mangá(?)) que apesar do êxito comercial, graças aos muitos admiradores do “Astérix e companhia” e ao muito marketing, é a pior de todas as histórias da colecção e prova final de que muito do êxito das aventuras deste pequeno herói se deve ao René Goscinny.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Breve cronologia 1947-1981

1947 – Osamu Tezuka (Japão) estreiaShintakarajima” que é uma mistura de “Tarzan” com “Robinson Crusoé” sendo a precursora da “Mangá” actual, muito expressiva com recurso a olhos grandes das personagens e a caricaturas para traduzir sentimentos. É considerado como o criador das bases daMangá” conquistando todas as faixas etárias no Japão, tornando esse país como o maior produtor e consumidor de BD no Mundo.


Na BD franco-belga, aparece o cowboy que “dispara mais rápido que a sua própria sombra” – o “Lucky Luke” de Morris (Bélgica).
Uma das características de Lucky Luke, é que mantinha sempre uma ponta de cigarro na sua boca que, com a entrada das suas aventuras no mercado norte-americano, foi “obrigado” a trocar por uma, mais saudável e ecológica, palhinha. Também surgem as aventuras de um coronel da US AirForce, no Pacífico – o “Buck Danny”, criado por Jean-Michel Carlier e Victor Hubinon (Bélgica).



1948Mais BD da escola franco-belga – “Alix, o Intrépido” de Jacques Martin (Bélgica). É uma série fundamentada por muita documentação de História que o autor foi arquivando, estando as aventuras de Alix situadas na Antiguidade Romana.


À primeira vista, parece uma BD de tema “Histórico”, mas não é... - apesar dos costumes, eventos e paisagens corresponderem à realidade Histórica, eles também estão desfasados na sua cronologia...
 Quadradinho da página 28 do álbum "Herkios, o jovem grego", editado pela ASA/Público em Junho de 2010 .


1949 Sai o 1º número de uma das revistas de BD mais reconhecidas em Portugal – a “Mundo de Aventuras”. Pertença de um grande “império editorial” de Portugal, a “Agência Portuguesa de Revistas” (APR), era constituída pelas melhores séries americanas (Rip Kirby, Johnny Hazard, Flash Gordon, Príncipe Valente, Fantasma, Roy Rogers…) publicadas nos EUA e em muitos jornais do mundo inteiro. Curiosamente, neste nº1, também é publicado um original português, “A História Maravilhosa de João dos Mares”, de Augusto Barbosa que é um pseudónimo deCarlos Alberto Santos, um dos melhores ilustradores portugueses de capas e de colecções de cromos de grande beleza.
A colecção de cromos História de Portugal” é o seu maior reconhecimento público e um dos grandes êxitos da Agência Portuguesa de Revistas – 17 edições entre 1953 e 1971!











Capa da caderneta de cromos da 15ª edição de  "História de Portugal", Julho de 1969 e página nº20 com quatro cromos.


A “Mundo de Aventuras” que logo no primeiro ano esteve em risco de desaparecer, passou por vários formatos ao longo da sua vida de 1841 números publicados – um recorde nunca alcançado por uma publicação do mesmo género. O formato (280X400) dos primeiros números não foi do agrado do público, obrigando a uma reformatação drástica e urgente. O novo formato (215X290) revelou-se um êxito entre os jovens, cabendo nas capas escolares e permitindo lê-las às escondidas dos professores e pais… No ano do seu desaparecimento, 1987, o seu formato era mais reduzido – 165X235.



1950Peanuts” de Charles Schulz é uma das séries norte-americanas, mais difundidas no Mundo, em que o adulto está excluído nas histórias deCharlie Brown e companhia, mais o seu famoso cão filósofo: “Snoopy”.
Tira (1954) da página 303 da edição portuguesa "PEANUTS - Obra completa 1953-1954", editada pela Afrontamento em Novembro de 2005.



1952 Em Portugal, surge a revistaCavaleiro Andante” em “substituição” da revista “Diabrete”, continuando Adolfo Müller como director. Muitas das histórias eram da BD franco-belga , sem esquecer as de autores portugueses (Fernando Bento, José Garcês, E.T.Coelho, Artur Correia, José Ruy, Vítor Peon, Stuart…).
 O “Cavaleiro Andante” teve diversos suplementos que acabaram por formar outras tantas colecções: “O Pajem”; “Andorinha”; “Desportos” (nada de BD e dedicada só aos desportos); “Bip-Bip”, patrocinada pela BP, aonde surge histórias aos quadradinhos de Jean Graton com o seu “Michel Vaillant” (na altura em que os nomes dos heróis eram “traduzidos” para português, chamou-se “Miguel Gusmão” (!) ou “Miguel Vaillant”…).
 Outras publicações ligadas à “Cavaleiro Andante*: os “Número Especial” e “Numero Especial Natal” com aventuras completas; “Álbum do Cavaleiro Andante” com 107 números publicados com destaque para o belga Willy Vandersteen e o italiano Franco Caprioli; “Obras-Primas Ilustradas” que eram adaptações de grandes romances, tendo continuado a sua publicação até 1964, já a revista “mãe” tinha desaparecido; “Oásis”; “João Ratãopara os mais pequenos com contos, adivinhas…; “Alvo”; “Foguetão” que é uma das maiores revistas portuguesas de BD (300X420 (!)) e a única que editou uma história aos quadradinhos na sua língua original com tradução em rodapé – “Tintin au Tibet” de Hergé.
 A “Cavaleiro Andante” cessa a sua publicação em 1962 com 556 números publicados semanalmente.
* http://quadradinhos.blogspot.com/2010/10/numeros-especiais-do-cavaleiro-andante.html

1954 Na BD franco-belga, surge um “cowboy” com o seu companheiro de aventuras, o mexicano Pancho – o “Jerry Spring” de Joseph Gillain (Bélgica), mais reconhecido por“Jijé”. É considerada como a “entrada” para o realismo na BD franco-belga.


1958 Mais franco-belga com os “Schtroumpfs” de Peyo (Bégica), os pequenos duendes azuis que a partir de 1976, atingiram o seu apogeu de reconhecimento, mundial, através dos desenhos animados.



1959 Um dos grandes da escola franco-belga – “Astérix” de René Goscinny e Albert Uderzo (França). Sem dúvidas, “Astérix e Obélix” são os heróis mais populares da BD franco-belga e porque não, no mundo, estando traduzidos em mais de 100 Línguas e dialectos, aonde está incluindo o nosso “Mirandês”!


1962 Em França surge uma bela aventureira futurista que será precursora de outras heroínas com personalidade forte, agressiva, mas, sofisticada, numa BD erotizada – a “Barbarella” de Jean-Claude Forest. Esta personagem tem muitas semelhanças físicas com a actriz francesa Brigitte Bardot, considerada como o grande “símbolo sexual” dos anos 60 e 70, pelo que não será de admirar que a inspiração de Forest tenha vindo da BB.

“Barbarella” com e sem censura


1963 Na Europa, surge uma das grandes referências no mundo da BD doWestern” – “Blueberry” de Jean Giraud. Esta obra está dividida em três séries – “Bluberry”, “A Juventude de Blueberry” e “Marshal Blueberry”. Giraud com o argumentista Jean-Michel Charlier (menos os cinco volumes que Giraud assumiu o argumento), desenhou toda a primeira e os três primeiros volumes da segunda, totalizando 40 álbuns. Giraud ainda participou em mais três histórias como argumentista, na terceira série desenhadas por William Vance e por Michel Rouge. Os restantes álbuns, da “Juventude de Blueberry”, foram desenhados pelos desenhadores Colin Wilson e Michel Blanc-Dumont.


1965Nos EUA, Russ Manning inicia a sua adaptação para “comics books”, de alguns dos primeiros romances de “Tarzan”. Considerado como um dos quatro fabulosos desenhadores de Tarzan (Harold Foster, Burne Hogarth e Joe Kubert) é reconhecido pelo seu traço vigoroso e limpo numa história cheia de ritmo na acção.
Primeira tira da página 7 da edição portuguesa, "TARZAN - Volume I: pranchas dominicais de Russ Manning 1968-1970", editada pela "Bonecos Rebeldes" em Setembro de 2007.


De 1967 a 1979, Russ Manning desenhou essas histórias aos quadradinhos para publicação na imprensa, inicialmente como tiras semanais e depois, como pranchas dominicais. A convite pessoal de Georges Lucas, Russ Manning passa a desenhar a sérieStar Wars”, baseada do filme, até 1980, quando suspende a sua actividade por doença.
 Em Portugal, Russ Manning foi responsável, com o “seu” Tarzan, pelo maior êxito de uma das edições da “APR” – a revistaTarzan” com 96 números publicados entre 1969 e 1978.
Revista nº6 (suplemento ao nº1041 da revista "Mundo de Aventuras) com a conclusão da história "As jóias de Opar", desenhada por Russ Manning.


1967 Na BD europeia, surge a personagem “Corto Maltese” de Hugo Pratt (Itália), com a sua inconfundível arte a preto e branco.
 Também estreiam as aventuras espácio-temporais de Valerian e a sua companheira Laurine – “Valerian” de Jean-Claude Mézières e Christin (França).
Alguns quadradinhos da página nº40 do álbum "As iras de Hypsis", editado pela Meribérica/Liber em 1986.


1968Em Portugal, sai o primeiro número da revista “Tintin”, que foi a que mais divulgou a escola franco-belga, entre os leitores portugueses, os seus inúmeros personagens e autores. Será a última revista portuguesa a ter uma longa duração quando se começa a entrar numa era, anos 70, em que as pequenas revistas com histórias completas e dos mais diversos temas, proliferam em desprimor das anteriores, de maior formato e histórias continuadas. A última revistaTintin” – dividida por anos (15) e subdividida por volumes semestrais – sai em 1982, totalizando 801 exemplares.

1971Surge a revista “Jornal do Cuto”, talvez, numa tentativa de fazer renascer o passado das revistas portuguesas de BD, incluindo um suplemento para meninas – “A Formiga”. O próprio nome da revista, recorrendo à personagem “Cuto” de Jesus Blasco, convida à nostalgia da melhor era das revistas de BD e das histórias aos quadradinhos de autores portugueses – os anos 40 e 50. Em 1978, sai o último número (174).

1972 Nos EUA, surge “Fritz the Cat” de Robert Crumb que é uma sátira do mundo dos esquerdistas e dos marginais, visto do próprio interior, sendo um dos principais representantes da contracultura.

1975 EM França, surge a revista “Métal Hurlant” e ao mesmo tempo, a editora “Humanóides Associes”, criadas por Jean Giraud e mais três colaboradores, aonde se irá privilegiar as histórias de fantasia e ficção científica. Giraud que assina como “Moebius” e que antes deste, usou o pseudónimo “Gir”, além de publicar algumas histórias suas, abre a revista à colaboração do outro lado do atlântico, publicando trabalhos de autores americanos. Esta colaboração dá origem em 1977, à sua versão norte-americana – A “Heavy Metal”.
1977 – Morre um dos mais apreciados argumentistas de BD, pela sua criatividade e humor – René Goscinny (França). Entre os seus inúmeros trabalhos, estão grandes nomes da BD franco-belga como “Astérix”, “Lucky Luke”, “Iznogoud”, “Modeste et Pompom” e outros que resultando em milhões de tiragens, o tornaram como o autor francês mais traduzido em todo o mundo. Em sua memória, foi instituído o “Prêmio Renè Goscinny” que todos os anos, no Festival de Angoulême (Bélgica), recompensa jovens argumentistas de BD.


http://www.bdportugal.info/Comics/Col/Disney/Mickey1/index.html
1980É publicada em português de Portugal, a primeira revista da Disney – “Mickey” pela editora Morumbi. No início sem praticamente alguma concorrência, tendo até tido apoio de um famoso programa da televisão “Clube dos Amigos Disney” (1985), chega às quase 70 diversas edições relacionadas com o mundo Disney.
 Assim como oscilou em várias editoras (Morumbi, Abril Morumbi, Abril, Abril Jovem, Abril/Controljornal e Edimpresa), também teve muitas oscilações nas vendas e a entrada no novo séc. XXI não foi favorável, apesar das tentativas para cativar, além dos mais novos, também os adolescentes e coleccionadores. Última revista de BD da Disney, em Portugal, sai em Dezembro de 2008 – a “W.I.T.C.H.”, revista juvenil/adolescente para raparigas.

Capa da revista W.i.t.c.h nº62, edição de Portugal, Dezembro de 2008

1981Em França, é publicado a série “Incal” (L'Incal Noir) de Moebius com argumento de Jodorowsky – uma referência da BD franco-belga dos anos 80 que mistura ficção científica, relacionada com cultos, com uma história policial. Baseando neste estilo de história, Jodorowsky produziu argumentos para outras séries de sucesso – “A Casta dos Metabarões” de Juan Gimenez e “Les Technoperes” de Zoran Janjetov. O filme “O quinto Elemento” é muito influenciado por este estilo, aonde colaboraram dois famosos autores de BD – Moebius e Jean-Claude Mézières.

Capa da edição portuguesa, editada pela Meribérica/Liber em Junho de 1999.